Sociedade Brasileira para o Desenvolvimento da Pesquisa em Cirurgia - Online version e-ISSN: 1678-2674

Experimento in vivo aponta o potencial benéfico dos efeitos do ácido valproico (VPA) na cicatrização de lesões da pele

A cicatrização das feridas cutâneas é um processo complexo que envolve inúmeras e diferentes células em diferentes fases (EMING et al., 2014). Dados pré-clínicos e clínicos preliminares sugerem fortemente que o ácido valpróico (VPA), por seus efeitos epigenéticos, pode ser um medicamento eficaz para combater tumores sólidos, em terapia combinada com drogas citotóxicas clássicas e com outras drogas molecularmente direcionadas ou radiação.

Em artigo publicado no vol. 37, no. 4, da Acta Cirúrgica Brasileira (The effects of valproic acid on skin healing: experimental study in rats), pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) analisaram os efeitos do VPA no processo de cicatrização da pele em um modelo de roedor. Sessenta ratos Wistar machos foram divididos em dois grupos: experimental, tratado com VPA (100 mg/kg/dia); e controle, que recebeu apenas uma solução salina, também por gavagem.

Realizou-se uma incisão mediana de aproximadamente 5 cm na parede abdominal ventral, e a cicatrização da pele foi estudada em três momentos (3º, 7º e 14º dia). No exame do terceiro dia, a reação inflamatória foi aguda ou subaguda em ambos os grupos. Já nas verificações ao sétimo e 14º dias, a reação inflamatória apresentou-se do tipo crônica no grupo controle e subaguda no grupo experimental, que foi tratado com VPA.

Imagem: Pixabay

Embora o número de leucócitos fosse maior na análise do terceiro dia da celularidade do corte histológico do grupo experimental, a diferença não chegou a ser significativa para o resultado da análise nos outros dias. Assim, verificou-se que, inicialmente, o processo inflamatório foi mais intenso no grupo que recebeu o VPA.

Em relação à angiogênese, o número de vasos foi menor no grupo experimental nas três situações. Nos três momentos de análise do colágeno por imunohistoquímica, a densidade de colágeno I foi maior no grupo de controle, tendo o grupo tratado com VPA apresentado maior densidade do colágeno III. Os miofibroblastos apareceram raros no terceiro dia e em quantidade moderada nos demais períodos.

O artigo indica os parâmetros, técnicas, equipamentos e procedimentos utilizados na pesquisa e exibe os resultados em tabelas. Além dos estudos focados na análise do efeito epigenético do VPA, há a recomendação de cautela na aplicação do tratamento, já que o bloqueio epigenético pode potencializar os danos eventualmente causados por uma quimio ou radioterapia.

Referências

EMING S.A., MARTIN P. and TOMIC-CANIC M. Wound repair and regeneration: mechanisms, signaling, and translation. Sci Transl Med [online]. 2014, vol. 06 no. 265 [viewed 29 August 2022]. https://doi.org/10.1126/scitranslmed.3009337. Available from: science.org/doi/10.1126/scitranslmed.3009337.

Para ler o artigo, acesse

BIONDO-SIMÕES, R. et al. The effects of valproic acid on skin healing: experimental study in rats. Acta Cirúrgica Brasileira [online]. 2022, vol. 37, no. 4 [viewed 29 August 2022]. https://doi.org/10.1590/acb370403. Available from:  https://www.scielo.br/j/acb/a/cTS7ZhgvtCqtmYwqQbxnhJs/

Links externos

Acta Cirurgica Brasileira – ACB: https://www.scielo.br/j/acb/

Universidade Federal do Paraná – UFPR: http://www.ufpr.br/portalufpr/

Publicado no Scielo em:

https://pressreleases.scielo.org/blog/2022/08/29/experimento-in-vivo-aponta-o-potencial-benefico-dos-efeitos-do-acido-valproico-vpa-na-cicatrizacao-de-lesoes-da-pele/

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